Aquela que me acolheu, me fez crescer, me fez sofrer.
Como a uma mãe, contraditório ser humano, critiquei-a, te chamei de mal gosto, mal gosto, mal gosto, mas vivi nas tuas veias, sorvi do teu seio. Devo lá ter feito algo por ti. Se a batida da asa da borboleta causa tufões, alguma coisa eu fiz, pro bem e pro mal. Mas eu bem me conheço, te fiz bem de alguma forma.

E então, uma peça de finda. Fecho as cortinas, desmonto o palco e saio. É a minha deixa. Volto pra minha terra, de onde, às vezes, pensava que nunca deveria ter saído. Mas, que seria de mim sem você, Mogi.
Ah, Granada, terra santa e desgraçada.Mogi, terra do Rock.
Metrópole de gente caipira. Velhos costumes, velhos hábitos. Eterna província. Por que destruiu tua história, Mogi? Por que derrubou tuas casas? Por que destruiu os teus índios? Mas quem somos nós? Novamente eu te critico, mas como a uma mãe que jamais entenderemos.
Portanto, de todo modo, venho por meio deste agradecer a todos os que conheci nessa cidade. Todos foram importantes, sem sombra de dúvida. Levo todos em minha memória e em minha agenda telefônica.Saio de cara certa, de consciência limpa, de mãos livres e já com saudade no peito. Daquelas manhãs vilajoianas frescas e solitárias, daquelas crianças, daquela companheira.
Daquelas tardes sãosebastianas verdes e entristecidas, daquele sofrimento, daquela cachorra, daquele pai. Daquelas noites vilavitorianas saudáveis e marcantes, daquela amizade, daquela família, daquelas risadas, daquelas barbas, daqueles filmes, daquelas madrugadas, daquela soja, daquele queijo, daquelas músicas, daqueles gatos.
Daquelas madrugadas insones, daquele chico science, daquele MP3, daquele vicioprimaveril, daquelas saias, daquelas mulheres, daquele homem azul, daqueles enxergadores de alma, daquela mandala, daquele elvis, daquele cine saleiro, daquele cine canteiro, daquele café, daquelas tequilas, daquelas cachaças, daqueles amigos secretos, daquele Michel, daquela Aline, daquela Sheila, daqueles malditos artistas insones.
Daquelas noites brascubanas, daquelas pessoas brascubanas, daqueles sonhos universitários, daquelas críticas, daquelas risadas, daquela Juliana, daquela Ananda, daquele Maurício, daquela Anna, daqueles professores, daquelas manhãs de sábado, daquela lanchonete da arquitetura, daquelas brigas, daquele nosso banquinho.
Daquele bar, daqueles shows, daquelas bandas, daquela cena, daqueles amigos, daquela portaria, daquela cerveja, daquele banheiro.
Daquelas tantas coisas que não me esqueço. Foi muita vida em pouco tempo.
A ti, o meu amor e o meu adeus.
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